Não sei se é o tempo passando ou algumas situações que me fizeram repensar. Amigos adeptos a Susan Miller tentam me convencer que tudo isso – principalmente a vontade imensa de mudança – fazem parte do horóscopo do mês para Virgem. Não é nada disso. A mudança é real. Tampouco acredito na Susan Miller. A sensação é muito boa, de um crescimento que é inevitável, mas durante muito tempo foi adiado. E, confesso, já estava exausta de adiar. E você, que me lê até aqui, provavelmente não está entendendo nada. Tentarei explicar.
Tento abraçar o mundo com as pernas, desde que o mundo é mundo para mim. Não sei em que parte da minha vida aprendi que para ser especial, bacana ou reconhecido é preciso fazer muitas coisas e ser bom em tudo que faz. Talvez assisti muito Pink e o Cérebro, enquanto deveria ter assistido mais Chiquititas. O que eu sei, é que foi difícil entender que quem tudo faz, nada faz. Por mais que eu tente até que minhas olheiras virem acessórios, nunca vou conseguir dominar o mundo ou o meu mundo. Ser bom nas coisas que produz, é claro que é legal e também importante. Mas conhece alguém bom em literalmente tudo? Pois é. Projetos exigem foco e os resultados vêm a longo prazo. Algumas coisas que tenho hoje, principalmente este blog, me provam isso. E não foi fácil enxergar. É preciso muita paciência.
Pela primeira vez em anos, tomei decisões importantes e pensei no futuro. Para isso, precisei fechar algumas portas. Era mais ou menos assim: eu tinha várias portas abertas, mas não entrava em nenhuma. Ficava ali no meio, zanzando. Se pudesse descrever a porta que entrei, diria que ela estava marcada com um “eu”. Pode parecer banal, mas essa era a porta mais escancarada e grande, que tanto implorava para que eu tirasse de algum lugar um pouco de coragem para entrar. Das outras portas, não joguei fora as chaves, não bati nenhuma na cara de ninguém. Saí educadamente e não a francesa. Despedi, agradeci, disse um “adeus” sincero, e em uma delas até ensaiei com lágrimas nos olhos um “até logo”.
Cansada de deixar alguns sonhos para “qualquer dia”, a cada minuto dessa nova fase sinto algo mudando em mim. E isso é uma delícia.
Esse texto maluco soa muito como um desabafo, ou até mesmo uma falta de assunto. Acho que foi o texto mais sincero e pessoal que já escrevi.
Eu diria que estou vivendo um paraíso astral. Resolvi me levar mais a sério, apostar mais em mim. E tem dado muito certo.
Essa tática de fechar algumas portas é muito boa. Se eu fosse você tentava também. Boa sorte.
Marcella Brafman
Nenhum comentário:
Postar um comentário